Entre 2 de Julho e 3 de Julho o acesso a rede no estado de São Paulo ficou indisponível para vários usuários, inclusive aqueles que prestam diferentes serviços à população. Os prejuízos certamente foram de grande monta.
A empresa Telefônica, responsável pela infra-estrutura da rede no estado de São Paulo, divulgou um comunicado, do qual ressalto o seguinte parágrafo:
“Durante os trabalhos, os técnicos identificaram um software que entrou em pane, fazendo um roteador gerar rotas falsas de transmissão de dados por toda a rede. Isso dificultou a localização exata do problema. Foi necessário vasculhar todo o sistema para localizar este defeito, que estava em um roteador de Sorocaba. Assim que foi localizado, o roteador foi isolado, os dados desviados, e a rede voltou a funcionar.”
Interessante que a companhia tenha relatada a falha no software como pane. Software entra em pane? Procurando a palavra no dicionário achei: “s. f., avaria;
paragem acidental do motor de um veículo.” Curioso é que na rede o termo pane leva direto ao assunto (falha na rede da Telefônica). Apesar de não ser utilizado na literatura de engenharia de software, o termo pode tornar-se popular.
Outro fato curioso é a frase: “…identificaram um software que entrou em pane, …”. O que exatamente seria “um software”, seria um sistema, um pacote, um componente, um pedaço do código?
Enfim. Aos poucos a sociedade vai percebendo que “software” é algo que, apresentando problemas, pode causar sérios transtornos.
Este caso é mais uma razão para que software seja visto como um artefato que precisa de qualidade e de transparência. Afinal o que ocorreu?
Reportar o problema de maneira transparente é dever da empresa. O espírito das investigações deve seguir a máxima de que o problema deve ser identificado para que não ocorra em outras situações, a mesma política que norteia investigações de acidentes aéreos. Aqui vale lembrar o relatório produzido pela cidade de Londres sobre o caos gerado naquela cidade quando da falha do sistema de despacho de ambulâncias.
——–
Leia sobre Sistemas de Informação.
Veja a página do autor.
Tags: paneemsoftware pane software falha software problema ca
julho 18, 2008 às 1:05 pm |
De fato, o termo pane é meio esquisito para se aplicar a software. Mas, pelo uso, vai entrar na folksonomy com esse significado, que acaba se perpetuando. A questão de contingenciamento de riscos também é fundamental em software e sistemas críticos. Esse foi um exemplo (no meu blog, postagem em breve sobre a questão), o outro é o do funcionário da prefeitura de San Francisco, talvez até mais grave porque é intencional e perpetrado por humanos, o link para o blog do Silvio Meira, http://smeira.blog.terra.com.br/2008/07/16/suporte-sequestra-sistema/
Enfim, nesse nosso mundo conectado e tendendo a plano, vamos estar sempre à mercê de riscos cada vez maiores.
setembro 6, 2008 às 3:52 pm |
[…] poucos, vide nota anterior, a sociedade vai apercebendo-se que apesar de ser “invisível”, o software pode afetar o nosso […]